segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Bate-papo 4

ana: pq?
caio: por diversas razões.
21:46 ana: me diga
caio: (Na verdade nem sei se é bom eu falar essas coisas aqui, assim)
21:48 E não entendo a razão da sua "curiosidade".
De um certo modo, penso que devo me proteger
21:53 ana: não é curiosidade
é pq queria entender tb
mas entendo se você nao quer contar
21:54 caio: não faz mal que você saiba o que se passou, mesmo porque, de concreto mesmo, nada aconteceu...
ana: gostaria de entender o seu lado
pq estou tentando esclarecer o meu
21:55 caio: eu sei
vc não quer se arriscar a dizer nada sem ter certeza sobre o que eu vivi, o que senti. Ainda uma vez, quer me arrancar uma confissão...
21:56 ana: nao é nada disso
21:57 caio: rs, vc é ótima, ana...
então tá
21:58 vc leva jeito para detetive
psicanalista
ou escafandrista,
mas eu juro que já fui o mais longe que podia
21:59 fiquei muito exposto
entende? mais uma vez me sinto como... uma cobaia.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Bate-papo 3

caio: eu estava quieto no meu canto, você sabe, fazendo o meu trabalho. tinha cá comigo o meu segredo, e nem doía, porque desde sempre, desde a primeira vez em que eu te vi, eu sabia que aquilo teria de permanecer ali,
21:36 muito bem guardado, até de mim,
mas você fez de tudo para que eu me abrisse...
21:37 Juro que eu mesmo não tinha plena consciência de que sentia... Ou então estava tudo muito bem recalcado mesmo.
21:38 E não digo que ainda não vá um pouco de dor em falar nisso, agora, mas, enfim, sobrevivi.
É isso.
ana: e qual era o segredo?
caio: ah que pena
não faça isso
não posso mais que isso, entenda
ana: please
21:39 queria entender
caio: acho que já entendeu
21:40 mas era vc quem queria falar...
ana: sim
enfim
ainda vou querer saber
a questao é
dependendo do tipo de relação que estava acontecendo
21:41 existiriam outras pessoas envolvidas
caio: entendo
21:42 ana: agora me conta
caio: o q?
21:43 ana: o segredo
21:44 caio: olha, ana, se estiver precisando alimentar a sua vaidade, pode fazê-lo, não me importo. Mas se estiver de fato preocupada comigo, algo em que não creio, não fique. Também não tema nenhum tipo de atitude minha em seu prejuízo, você sabe que, por índole, eu seria incapaz. Bom, ao final, acho que posso dizer que ao menos você me conhece um pouco mais agora.
21:45 Mas não me faça ir além disso, por favor, considere o fato de que a minha posição é muito menos confortável que a sua.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Bate-papo 2

caio: rsrs
21:24 acho que eu gostaria de ouvir vc, sim...
mas não se sinta obrigada a nada, por minha causa
21:26 ana: bom
vou tentar ser direta
21:27 eu nao tive a intenção de te machucar
caio: sim
ana: e nao achei ruim o que aconteceu
o problema foi a consciencia depois por alguns fatores que vc talvez desconheça
21:28 caio: claro
21:29 ana: esses fatores fizeram eu ficar numa situação de indecisao
pq nao sabia se eu te contava
ou se pra vc isso nao fazia diferença
21:30 e acabei nao fazendo nd
caio: certo. claro que "diferença" sempre faz.
eu não consigo ser uma pessoa indiferente, ou então não teria entrado nessa,
mas algumas coisas estão acima das diferenças - ou parecem estar, de um certo ponto de vista,
21:31 que pode ser um ponto de vista míope, embaçado pelas emoções...
ana: entendo
21:32 tem alguma coisa q vc gostaria de me perguntar
q vc tem duvida?
caio: sim, claro:
o que é que vc não sabia se me contava,
exatamente?
ana: bom
21:33 antes deixa eu te fazer uma pergunta
caio: faça
ana: o q vc define que aconteceu entre nós?
caio: olha, ana, eu não tenho por que tentar enganá-la,

já que não consigo enganar a mim mesmo...
21:34 eu vou tentar resumir, ao meu modo
ana: ok
21:35 otimo

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Bate-papo 1


ana: olá, boa noite
21:01 caio: boa noite
ana:  :)
21:02 ocupado?
caio: não





5 minutos
21:08 caio: só olhando mensagens
ana: han
caio: tudo bem com vc?
21:09 ana: tudo bem sim. faz tempo que nao nos falamos por aqui ne?
caio: é verdade
21:11 ana: eu queria clarear as coisas mas nem sei como
huahua
21:12 caio: hum...
21:13 ana: faz diferenca nao ne?
:)
21:14 caio: depende.
ana: de que?
21:15 caio: preciso saber ao certo a que é que você se refere, para dizer se faz diferença
ana: han

nós paramos de conversar
21:16 acho que foi meio mal entendido
e eu nunca consegui explicar o q passou comigo
e nunca ouvi de vc tb
caio: ah sim
21:17 onde exatamente foi o mal entendido?
21:18 ana: talvez meu
nao se
sei*
21:19 tenho que estruturar minhas ideias
mas nem sei como começar
21:20 caio: e pq vc está preocupada com isso, agora?
ana: sempre estive preocupada com isso
mas sempre adiei

caio: e acha que precisa falar?
21:21 ana: vc acha que nao?
21:22 caio: a pergunta era uma pergunta mesmo, não uma pergunta-resposta.
formulo melhor: vc sente vontade de falar sobre isso?
necessidade?
21:23 ana: bom... da minha parte seria interessante. Mas aceito outras propostas
e quanto a você?

sábado, 22 de dezembro de 2012

O humor da matriarca

- É, mãe, nós vamos invadir a sua casa...
- Vem, minha filha, venham todos... Agora eu tenho um peito só, mas ainda dá pra amamentar todo mundo!
- Kkkkk.

Vaidade

- Mamãe, a madrasta da Branca de Neve chamou o poder da Vaidade!
- E a vaidade é o quê?
- É um espelho que muda de cara.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Flutuar

Alexandre Semenov: Cyanea Capillata.
 
- Mamãe, se ao invés de andar, você flutuasse, as suas costas não doíam!
- É verdade!

Caldinho

- Como é que o neném vive? Na barriga da mãe tem caldinho?

O coração 4

- Mãe, se o coração bater para trás, ele machuca as costas?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Aula de Redação

Tamancos de Gaughin.
 
Use somente as suas próprias palavras.
Use as suas próprias palavras.
Use as próprias palavras.
Use as suas palavras.
Use as palavras.
Use palavras.
As palavras.
Palavras.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

silêncio

Caspar David Friedrich: O viajante sobre o mar de névoa.
 
 
 
 
 
 
silêncio






segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Coisas velhas

- Mãe, a gente não gosta mais dos brinquedos da escola.
- Não? E quais são os brinquedos da escola?
- Lá só tem lego e jogo da memória. A gente queria brincar com uma coisa diferente.
- É? O quê, por exemplo?
- As caixas de papelão que tem lá na escola.
- Peçam à professora.
- Nós já pedimos, ela disse que a gente só gosta de brincar com coisas velhas.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Obediência

Candido Portinari: Grupo de meninas.
 
- Está bem, mamãe, eu vou te obedecer todo dia. Você me obedece dois dias?

Massinha

- Ai, não gostei, esse biscoito tem cheiro de massinha!

sábado, 15 de dezembro de 2012

Assalto

De trás da porta me salta um super-homem de um metro:
- Maus ao alto!
- O quê, filho?
- Ô, desculpe: - Mães ao alto, kkk...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

ZZZip

Quase dormindo, após uma hora de concentração:
- Mãe, eu posso cantar uma música pra te animar?
- Ahn? Pooode.
- E eu posso dançar também?
- Pooode.
- É assim ó (de pé na cama, mãozinhas juntas sobre a cabeça, formando um triângulo, as pernas vão para a frente e para trás em passos curtos e inacreditavelmente rápidos para uma meia noite): "Zip zip zá, lá vem o tubarão, zip zip zá, corre mais que o caminhão". - Se animou, mamãe?
- Não muito, eu tenho sooono.
- Então eu vou cantar uma outra, mais rápida!...

Volteios

- Mãe, por que a lâmpada não está desapagada?

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Desejo (tradução)

Kate Macdowell: Escultura em cerâmica.


Eu te desejo a dor:
a mesma, a própria, a minha dor.

Hoje tenho todos os defeitos humanos:
desejo errado, desejo fraco, desejo mal,
contudo ergo contente a taça da crueldade.
Que outro modo haveria de dizer,
de que outro modo tornar-te humano,
tão subservientemente humano quanto me fizeste?

Eu te desejo a dor:
a mesma, a própria, a minha dor.
A criança boa que você criou,
a felicidade reprimida,
tudo deu em nada.

O teatro da bondade - tediosa representação -,
o trabalho em seu próprio favor:
tudo perdido.

Eu te desejo a dor:
a mesma, a própria, a minha dor.

(Livre-tradução da canção "Desire", do compositor canadense Fancy Share)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Carta aberta 40

Minha querida Andrea,

Ele é o pai do André, do Pedro, da Ana,
da chácara, da lavoura inteira...

É o pai da sua epilepsia, do meu lirismo:
enfermidade e loucura,
culpa que move o mundo...

É o pai do pai e da mãe de André - e da menina a caminho.
Do ventre seco, da corda suave dos seus braços envolvendo o meu pescoço,
às três da tarde...

É o pai da prisão sufocante, progenitor de toda a revolta,
sexo e poder, phármakon, formicídio,
esporro, porrada e porretada...

Das Brot des Patriarchen.

Beijos. Muitos. O bastante, mas nunca o suficiente.
Heitor.


 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Carta aberta 39

Heitor, Heitor, obrigada por ter me enviado o link.
Heitor do céu, ele é a cara do meu pai.
Heitor, o Raduan é a cara de Meupai.
Quando fecha os olhos, quando pisca, balançando a cabeça...
Deus me livre, ele é a cara de Meupai!
Nos movimentos - econômicos -, mais que nas fotos, ele é a
cara do meu pai!
Meupai também tem aquele humor sórdido, véspera do abandono,
um sorriso que é quase uma concessão a isso tudo: - Olá Mundo, eu te suporto!
Um beijo chocado.
Andrea.

Carta aberta 38

Rapaz, não fala em calor, não.
Descobri que não tenho resistência a isso.
Não consigo dormir, é um inferno!
O mundo está com cara de que vai acabar mesmo!
Afora isso, pegamos todos uma virose.
Ai, eu quero ver o Nassar em movimento.
Balada literária? Vou lá ver!
Beijos
Andrea.
 
 

Carta aberta 37

Andrea!
Eu estou com calor. Muito calor. Um pavor total.
Acho que desde que mudei para Londrina não via dias tão quentes assim.
Nessa semana a sensação térmica chegou a 41 graus.
O horror.
Mas além dessas lamúrias climáticas, está tudo bem.
Essa semana as férias começaram, mais tempo em casa para ler e escrever.
Olha, eu não sofro de tédio natalino. Não tenho muita coisa contra o Natal, não. Talvez o que me entedie e irrite um pouco seja a multiplicação de corpos nas ruas, nos shoppings, nas lojas, no bares, no mundo todo. O ser humano parece virar formiga, uma multidão de formiga zanzando por aí. Muita gente, eu acho...
Nos últimos 10, 12 anos, eu passei a esperar esse período de final de ano porque é o momento que tenho para encontrar a família, né. Dar um abraço nos meus e descansar, mesmo com as rusgas que apareçam, e família tem disso, não?
Você já viu o Nassar em movimento? Eu nunca tinha visto. E vi! Aqui (https://www.youtube.com/watch?v=bnBPznkNwt4), na Balada Literária, há algumas semanas.
Ele tá velhinho... e bonitinho!
Beijão!!!
H.

Carta aberta 36

Como vai você, Heitor?
Já se instalou o tédio natalino? Ou você não sofre disso?
Parece que há os eufóricos de Natal e os deprimidos do Natal.
Eu fui uma criança eufórica de Natal, cheia dessa falsa alegria, como é natural.
Ah, mas se é alegria, não pode ser falsa, você vai dizer. E se for falsa toda alegria, então já está valendo e, novamente, não há a alegria falsa.
Mas eu continuo achando que, se uma coisa precisa de tantas bolas coloridas, já é de se suspeitar...
Bom, na infância era um cheiro de nozes e passas e uns presentes que meu pai recebia da Vale, distribuídos por faixa etária: os irmãos mais velhos ganhavam dominó, bingo ou vareta; eu, a intermediária, recebia uma boneca dura, ou então uma máquina de costura de plástico transparente que tinha um cheiro ótimo. (Ah se soubessem que o meu pesadelo era o som estridente e incessante da máquina de costura da minha mãe...)
Na adolescência tive muitos amigos que sofriam profunda e verdadeiramente o Natal - seriam uma espécie de cristãos ao avesso -, porque a data fazia com que lembrassem a família desfeita, a ideia de família, a ilusão perdida etc.
Hoje não me dá nada.
Beijos,
Andrea.

domingo, 9 de dezembro de 2012

A felicidade

Maxfield Parrish: Ecstasy.
 
- Você é feliz, Francisco?
- Sou, claro que eu sou!
- E você, Flora, é feliz?
- Eu não, mas quando a piscina está cheia e o tio me deixa pular sozinha, aí eu fico feliz.

Página

- Mãe, essa porta não parece uma página?
- !

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

lírica

Belchior: Autorretrato.
 
Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio...

(Mário de Sá-Carneiro)

me toma nas mãos
me toma nas mãos
me toma nas mãos

mitômanas mãos

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Ao truísmo

Paula Rego.
 
- A partir de hoje eu não faço balé. Eu não vou mais ao balé. A tia Rosana nunca mais vai me ver.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Aviso aos navegantes III

Van Gogh: Os girassóis.
 
Tudo realmente aconteceu. Mesmo o que foi inventado.
Qualquer dessemelhança com fatos ou pessoas reais é mera coincidência.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

mensagem sobreliminar

Arthur Bispo do Rosário.
 
venha
não vá
vá à

não
se
me dar

matar

Minúsculo

- Mamãe, eu aprendi a fazer o F com músculo!
- Rs.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Florisco

Gêmeos assim há meses.
 
 
- Eu acho que estou aprendendo a ler: no nome dele tem um cisco e no meu tem uma flor.