- Mãe, você compra a espada do Max Steel?
- A espada? Pra quê?
- Pra matar a Barbie.
O Aboio está de volta. É o mesmo, porém diferente. Como espaço de escrita que é, volta a servir de desaguadouro a tudo o que me encanta, ou, pelo contrário, me apavora. Depois de tantos anos de afastamento, eu mesma me desreconheço nas postagens mais antigas. Os amores são outros, as causas são outras, é outro o país.
sábado, 30 de julho de 2011
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Brincando com as formas
- Mãe, esse é o O de ovo?
- É.
- E esse? É o C de cobra?
- É sim.
- E esse aqui? É o I de... de... de banana!?
- É.
- E esse? É o C de cobra?
- É sim.
- E esse aqui? É o I de... de... de banana!?
segunda-feira, 25 de julho de 2011
sábado, 23 de julho de 2011
Primeiros contatos com a beatitude ou Na casa da vovó
Francisco se depara com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida - dura, masculina, com cetro e coroa:
- Olha, mamãe, o rei!
Papai do céu
Gaughin: Cristo no jardim das oliveiras.
- Não faz isso, porque papai do céu não gosta!
Flora, pasma, olhos no alto:
- O papai está morando no céu?
terça-feira, 12 de julho de 2011
Pegar borboletas
Flora:
Se eu fosse a bailarina
eu cortava o meu cabelo
pra não agarrar nas árvores
quando eu fosse pegar borboletas.
Se eu fosse a bailarina
eu cortava o meu cabelo
pra não agarrar nas árvores
quando eu fosse pegar borboletas.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Branca de Neve e Superomem
Francisco se aproxima com os dois bonecos na mão, de mesmo tamanho, porém desnivelados:
- Mãe, o Superomem quer beijar a Branca de Neve.
- E por que ele não beija?
- Porque ele é muito baixo.
- Dá uma ajuda a ele, então.
- Tá bom. Sobe, sobe, sobe, sobe, sobe... Ih, agora ele ficou muito alto!
- Mãe, o Superomem quer beijar a Branca de Neve.
- E por que ele não beija?
- Porque ele é muito baixo.
- Dá uma ajuda a ele, então.
- Tá bom. Sobe, sobe, sobe, sobe, sobe... Ih, agora ele ficou muito alto!
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quinta-feira, 7 de julho de 2011
Sete de julho
Vincent Van Gogh: Noite Estrelada, 1889.
Naquele dia eu me perfumei como se fosse me encontrar com um cego. É a única coisa de que, com certeza, me lembro. O resto - inventarei.
Havia no céu, do lado do Norte, umas nuvens escuras que a princípio não tomei em conta. Seguia sem meias ou luvas. O vento de inícios de julho principava a rachar os lábios, mas eu seguia, aquecida ainda pela lembrança do vinho.
Quando cheguei próximo ao local marcado, umas meninas que jogavam amarelinha fugiram de mim - quiçá por timidez, considerei.
Conforme eu me afastava do carro estacionado, percebia que o céu carregava um pouco mais. Lembrei que as crianças tinham pedido bolachas. Provavelmente não apanharia aberto o mercado.
Cheguei ao costão. A série de penhascos parecia ter sido amontoada a um canto pelo vento. E sempre fora assim. A vegetação definhava sob o sol ainda quente. Quando criança, eu contemplava aquela mesma paisagem toda vez que fugia de casa para não ter de ouvir os rugidos do velho. De repente escutei um eco da sua voz, preso por quatro décadas entre as pedras da enseada. Lá embaixo as ondas batiam fortes - quem deixaria uma criança brincar ali?
O celular ficara no carro. Tendo chegado contudo pontualmente ao encontro, comecei, aos poucos, a impacientar-me com a demora. O vale verde agora semelha um pântano. Acontece sempre que alguém me fere: a paisagem é a primeira a se transformar.
O frio recrudesceu, as nuvens se aproximaram. Achei melhor me abrigar no carro e, assim que entrei, as gotas caíram em profusão. A única cura para o sofrimento é sofrer.
Devo ter esperado meia hora, mas o tempo, depois que se dilata, a primeira coisa que nos leva é justo a noção de tempo. Posso ter passado ali apenas um minuto - ou um ano, um ano e meio...
Quando retornei a mim havia manchas no dorso das mãos e pequenas mechas brancas sobre as têmporas. O espelho retrovisor não mente jamais; por isso aquela história de não olhar através dele... A verdade talvez não dói, mas tira o sono e nubla os dias.
Sempre gostei de ver a chuva escorrendo pelo vidro - é um modo de chorar sem ser notado.
A estrada de terra estava repleta de poças de lama. Quando enfim dei a partida, vi-o chegando, o passo lento, o olhar muito distante...
Passei por ele devagar, receando lançar a água da chuva na camisa branca. As crianças teriam seu lanche.
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segunda-feira, 4 de julho de 2011
domingo, 3 de julho de 2011
Presente
- Mãe, se você me obedecer eu vou comprar um presente bem bonito pra você!
- Ah, é? E se eu não obedecer?
- Aí eu vou comprar um presente bem feio!
- Ah, é? E se eu não obedecer?
- Aí eu vou comprar um presente bem feio!
sexta-feira, 1 de julho de 2011
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