O rejeitado é uma invenção própria. É uma categoria psíquica que talvez não existisse se não houvesse o egocêntrico, o excessivamente vaidoso.
A sua dificuldade é entender que não foi preterido. Ele simplesmente não foi escolhido. Por que teria de sê-lo, entre tantos bilhões? Simplesmente porque um dia foi amamentado na teta da exclusividade. Porque o leite que sorvia dizia que seria ele o eleito. E não foi, não é. Não foi eleito sequer para ser o rejeitado.
O rejeitado distorce tanto a realidade que chega a acusar no rejeitador um desejo que é seu, sendo que aquele por vezes nem chega a existir, a ter presença ou importância no universo deste.
Sim, é triste. Menos triste porém que a eterna auto-ilusão. E menos injusto que culpar as pessoas pelos seus dramas mais íntimos. O cristianismo prega o amor, mas amor não é cristianismo!
Portanto a categoria dos rejeitados, autocriada, não precisava, não deveria existir. Quem cria a categoria dos rejeitados é o próprio rejeitado. Nunca soube de alguém que escolhesse simplesmente preterir. Não é assim que a coisa se dá.
E é ridículo, porque o rejeitado arrasta um andrajo feio, pelo qual tenta culpar o outro, que já segue numa outra viagem, que talvez nunca esteve mesmo naquela.
A rejeição faz mal. Ao rejeitado. Engorda, dá espinha, ataca o fígado e os joelhos. Dá dor de cabeça, nas costas, alcoolismo, depressão, miopia e câncer.