O livro obrigatório, indispensável a todos os alunos, mestrado e graduação, é a Poética, de Aristóteles. Quando estudante do mestrado (ou da graduação), também eu fiz a minha resenha dele. Uma resenha admiravelmente clara e concisa, mas que, paradoxalmente, é como se não existisse. Explico: se a disponibilizo aos meus alunos, temo que se acomodem a sua clareza e concisão e não realizem a sua própria leitura do livro. Por isso não a forneço. Expus o problema a um amigo, que me aconselhou cedê-la a eles apenas depois de comprovada a leitura dos originais. Porém, tendo o aluno lido o livro, de que lhe valeria a tal resenha? Por outro lado ainda, como é que o jovem estudante comprovaria ter feito uma leitura do livro, se não por meio da realização de uma resenha, trabalho que, logicamente, dispensaria o meu? Assim, não sendo mais eu estudante, no sentido de ter que ler e resenhar a Poética, de Aristóteles, o fato de um dia tê-lo sido - e feito - de nada mais me serve. Nem aos meus alunos.