O Aboio está de volta. É o mesmo, porém diferente. Como espaço de escrita que é, volta a servir de desaguadouro a tudo o que me encanta, ou, pelo contrário, me apavora. Depois de tantos anos de afastamento, eu mesma me desreconheço nas postagens mais antigas. Os amores são outros, as causas são outras, é outro o país.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
O ator
O ator finge que dança -
e nós acreditamos.
Simula um canto -
mas não convence.
E faz que ama, que odeia;
encena que é, que sente,
e não arranca sequer um aplauso
(há representações impossíveis).
Desesperado, o ator finge que finge,
mas extrapola toda compreensão.
Então ri, e chora...
Coitado do ator! Ninguém o entende!
Ele agora sente de verdade,
e mais uma vez não é compreendido,
porque,
para representar a verdade,
é preciso ser muito bom ator,
e,
ademais,
o público é simplório,
não está preparado para sua grande atuação.
Cuspes e palmas para o ator!
Levem-no rapidamente a um palco!
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