segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Domingo, seis da manhã

Às seis da manhã eu ouvi, vindo do quarto da Flora:
- Eu tive uma idéia!
Fiz silêncio, na esperança de que estivesse falando de dentro do sonho... E veio de novo, na mesma modulação suave e clara:
- Eu tive uma idéia!
(Dos dois, ela foi quem considerou mais fundamente o meu pedido de que parassem de aportar na minha cama de madrugada, porque daí para diante eu não consigo dormir, a três. Agora, quando ela acorda primeiro, permanece no quarto. E abre gavetas, troca de roupa, fala pelas bocas dos seus fantoches. Depois, quando se enfastia - eu ouvindo tudo e tentando dormir de novo -, chega até a minha porta, onde estaciona e pergunta):
- Posso entrar?...
Quem é que pode manter-se firme diante de um pedido feito assim? E estou certa de que, caso respondesse negativamente, ela não entraria, pelo amor que já parece trazer às coisas previamente acertadas. Aliás, nunca adiantou esbravejar com ela no calor da hora e depois do mal feito - como parece não resolver mesmo com criança alguma. A regra claramente combinada, contudo, para ela é lei - muitas vezes mais do que para mim, que fiz a proposta.
- Vem cá, meu amor! (Ela me abre os braços e o sorriso). Qual foi a sua idéia?
- A gente podia brincar de pique-esconde!

2 comentários:

  1. Hummm... esse período tem sido bastante inspirador... muito lindo todos esses relatos...

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  2. Olá, querido... Tem sido bonito, mesmo. Saudades de você. Até o Natal! Beijos.

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