Goya: El sueño de la razón produce monstruos.
Últimos dias em Havana ou Chupa piruli![1]
Últimos dias em Havana não é o único filme, nos últimos tempos,
a tentar retratar um pouco do que é, hoje, a vida na capital cubana. Porém é um
dos mais sensíveis e argutos.
Sobrevivendo a um bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto
pelos EUA há mais de cinco décadas, o país ainda mantém o afamado nível de
excelência em áreas prioritárias, como a educação e a saúde, cujo acesso é
público, universal e gratuito.
Para permanecer apenas nesse setor, é preciso notar: Cuba foi
o único país da América Latina a erradicar a desnutrição infantil e a não
registrar, nas últimas décadas, nenhuma ocorrência de doenças que ainda fazem
vítimas mundo afora, como sarampo, rubéola e febre amarela.
Graças a um aparato complexo, que envolve pesquisa e
aplicação, ligando a medicina preventiva e familiar a uma formação voltada
antes para os aspectos científico e humanitário que para o lucro, o governo
cubano conseguiu reduzir drasticamente a taxa de mortalidade infantil, que hoje
é a menor do mundo, perdendo apenas para o Canadá. Graças ao conjunto dessas e de
outras medidas, a longevidade em Cuba supera a do Japão.
O país é também um centro de referência para médicos de todas
as partes do planeta no que toca ao desenvolvimento de pesquisas de ponta,
tendo descoberto o tratamento para distúrbios como o vitiligo, e a cura ou
controle para doenças como a hepatite, o mal de Alzheimer e a esclerose
múltipla. Além disso, Cuba é o país que mais envia ajuda humanitária a regiões
necessitadas de médicos, em guerra ou sob o efeito de catástrofes naturais.
Também os números da educação, se comparados aos de países
como o Brasil, mostram que a revolução socialista deu bons frutos nessas duas frentes
básicas ao funcionamento de qualquer sociedade. Basta dizer que Cuba é, hoje,
um país cujo número de pessoas não letradas é menor que um por cento. Em 2015 a ONU anunciou-o como o único
país de América Latina e Caribe a alcançar as metas determinadas para a
educação, atingidas por apenas um a cada três países no mundo.
Apesar dessas importantes conquistas feitas pelo povo cubano,
é inegável que o país vive hoje uma crise que se relaciona, grosso modo, por um
lado ao embargo e à relativa pobreza de recursos naturais, resultando, por
outro lado, numa crise simbólica, de imagem e, inevitavelmente, de valores. Sem
um aprofundamento da análise, nem as fogueiras antissocialistas, nem os
simpatizantes mais idealizadores do regime compreenderão uma realidade tão complexa,
que faz parte de uma história singular como é a da revolução cubana.
Não é difícil reconhecer que, para um país de recursos naturais
assim limitados, a pior sanção possível foi a do bloqueio, escolhida a dedo
pelo tio Sam (ou pelo Grande Irmão), no uso da mesma precisão cruel e sádica
com que os irados deuses gregos enviavam, do Olimpo, o castigo para a ousadia
dos mortais que tivessem se atrevido a ir além da sua insignificância.
Por outro lado, talvez não seja de muita utilidade perguntar-se,
por exemplo, qual seria hoje a situação de Cuba sem o embargo econômico que lhe foi
imposto ou sem os diversos lançamentos aéreos de
pragas sobre as lavouras, perpetrados pelos EUA em diferentes momentos. Isso
também já entra, lamentavelmente, no cômputo da sua história.
Mas o filme de Fernando Pérez não teria o mesmo efeito se
intentasse apenas registrar os momentos agônicos de um povo que há décadas luta
pelo ideal de uma sociedade mais igualitária e pelo direito à autodeterminação.
Últimos dias em Havana já traz no título – talvez pelo eco
involuntário do romance Os últimos dias
de Pompeia, de Bulwer-Lytton –, o jogo em que, além de denotar os últimos
dias, na cidade, de vários
personagens, um que morre e outros que emigram, também indica, de modo muito sutil,
os últimos dias da cidade, ao menos
daquela cidade que foi, para algumas gerações, a prova da possibilidade de
realização do sonho socialista. A partir da estrutura humanamente abrangente de
uma tragédia grega, escolhida para o filme, a expressão “últimos dias” em Havana
alcança, simbolicamente, uma proporção em que pode bem representar os últimos
dias do socialismo no mundo, ou, por que não dizer, os últimos dias do mundo.
É a mais jovem das personagens quem resume: “Não me importa
que o mundo se acabe neste instante. Me importa pensar que continue como está.”
Realmente, poder-se-ia dizer, fazendo-lhe eco, o mundo vai muito mal. Porém, é
preciso lembrar que, entre o que temos agora e o seu final, o mundo pode ainda ficar
bem pior. De uma vontade férrea de salvá-lo do fim depende talvez a possibilidade
de que ele venha a ser um lugar melhor do que esse em que vivemos hoje. De onde
virá essa vontade, se não da juventude, já que é ela quem anuncia e aguarda o
fim?, o filme de Pérez parece nos questionar.
A derrocada de Cuba, hoje, sinalizaria e deixaria, no seu
rastro, uma grande crise – talvez sem saída – para os ideais de diversos conjuntos
ideológicos de orientação esquerdista que ainda acalentam um sonho de justiça,
mesmo – ou principalmente – contra a onda de retrocessos sociais e ameaças neonazifascistas
que cada dia mais se acercam e se acirram, em pontos espalhados pelo globo.
Sobrevivendo a humanidade a mais esta fase da sua trajetória
sempre tão repleta de altos e baixos, os livros de história, se ainda
existirem, registrarão um período de intensas transformações, das quais não se
pode saber, hoje, que saldo restará. O que se sabe é que cada um de nós é sempre
mais que mera testemunha. Na escala que individualmente nos cabe, cada um carrega
nas mãos, nos atos, a sua centelha de responsabilidade.
Eis talvez o choque maior (e benéfico) que Últimos dias em
Havana nos proporciona: no Brasil, por exemplo, num tempo como este, em que a
palavra “Cuba” foi transformada em palavrão, como na frase “Vai para Cuba!”, o enredo
conduz o espectador por panoramas sociais que em nada, absolutamente nada
divergem daqueles em que vivem os moradores das periferias das nossas capitais.
As cenas que se desenrolam ali são idênticas às de quaisquer entornos das
grandes cidades brasileiras; a diferença é o funcionamento eficiente, lá, do já
citado sistema público de saúde, pelo qual o personagem central do filme,
soropositivo, é prontamente socorrido nos momentos de crise.
A pobreza e a feiura das moradias mostradas no filme são
capazes de nos impressionar, mas isso é só porque pensamos, contra todas as
evidências, que elas estão muito longe de nós, de preferência num lugar em que
possamos colocá-las na conta dos “comunistas” – e sem considerar que, lá, não é
preciso pagar aluguel.
Graças a algum tipo escandaloso de bovarismo, não nos choca
ter diante dos olhos situações de penúria piores que aquelas por que passam
hoje os moradores de Havana, acrescidas, aqui, de uma gritante falta de
consciência política e de classe. Desde
que vivamos sob uma “democracia”, a desigualdade não gera nem mesmo a
má-consciência; gera talvez algum medo, muita insegurança e, principalmente,
violência sobre violência. No mais, é possível conviver com ela; a desigualdade
não é nada a que não estejamos acostumados há mais de cinco séculos. A não ser,
é claro, que quem fala esteja incluído ali, do lado da pobreza; e não do lado
dos que detêm os privilégios. Dizendo ainda mais claramente: nós desejamos mesmo
é a desigualdade, afinal é ela que mantém os privilégios meritocráticos de
classe. Só não aceitamos a miséria no seio da nossa própria família.
Com maior clareza ainda, é preciso dizer: aquém de esquerda
e direita, de socialismo e capitalismo como conceitos, é a diferença de classes que está no cerne da disputa entre essas duas concepções de modos de produção. Há no mundo essa divisão inegável, invisível
como tudo que é óbvio, porém crucial para a distribuição das doses de
felicidade: a separação entre o explorado e o explorador, os interesses
inconciliáveis de empregado e empregador, de trabalhador e empresário. No pensamento de Marx e Engels: "Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas ao contrário, seu ser social determina sua consciência."
É falando do lugar de alguém que possui essa desejada consciência
de classe que se identifica, no filme, a personagem da mulher policial, diante
do deboche da jovem rebelde sobre a condição e os rendimentos da representante
do estado: “Soy una proletária del mundo.” A afirmação soa mesmo fora de moda,
mas o percurso do personagem Miguel, que sonha sair de Cuba e ir viver nos EUA,
confirma que, apesar de démodé, ela representa
a realidade do capital: Miguel é amigo de Diego, o protagonista soropositivo
com quem mora fundamentalmente por laços de amizade e solidariedade vincados
desde a infância, laços que hoje se manifestam no cuidado que dispensa ao amigo
acamado, lavando-o, alimentando-o e dando-lhe o coquetel de medicamentos nas
horas certas. Ao final do filme, Miguel realiza o seu sonho de emigrar, e, ao
invés de lavar pratos em Havana, passa a lavar pratos nos EUA. Eis mais um
proletário do mundo, só que sem a consciência de sê-lo.
Alguns flashes do
mundo fora de Havana vão sendo assim trazidos ao enredo a partir do retrato de
imigrantes, especialmente africanos, que aparecem como personagens secundários,
tanto quanto na figura do cubano que sai do país para tentar a vida em outros
continentes. Um personagem que mostra a faceta paradoxal dessa terra, de onde
querem fugir alguns, e para onde fogem tantos outros, é o taxista que aparece
numa das cenas de mais requintado humor trágico do filme. O homem perdeu uma das
pernas numa mina em Angola, onde, segundo relata, passou quatro meses.
Ao final dessa tomada, o olhar melancólico de Miguel para a
perna protética do motorista, até mesmo pelo contraste com o ânimo vital do
outro, revela com mais força a sua depressão, que o tempo todo nos perguntamos
se é resultado de uma não integração à vida comunitária, ou se, ao contrário,
será a personalidade angustiada a causa do seu isolamento. Mas aquele olhar
eloquente (já que o personagem fala basicamente com os olhos) destaca algo
mais, para o espectador: que o motorista é o único deficiente físico das
redondezas; a deficiência, adquirida fora de Cuba, marca mais uma diferença
entre o país em que vivem e aquele outro, na África, com seu histórico de
guerra civil.
A Miguel porém nenhuma visão da realidade é capaz de demover
do sonho de emigrar, nem mesmo as notícias de atentados terroristas nos EUA,
que vê cotidianamente pela televisão. Como cada um de nós, Miguel também tende
a achar que os seus sonhos são mesmo sonhados por ele.
De modo curioso, é principalmente nos momentos de alegria e
descontração (como quando uns rapazes discutem animadamente futebol, numa barbearia)
que Miguel (como o nome indica, um anjo na vida de Diego) se sente mais
deprimido. Ele não quer estar ali, é um outsider
em sua própria terra. Resta saber se uma personalidade como essa se sentiria do
mesmo modo em qualquer outro lugar.
Há algo de cômico na obsessão desse homem maduro que dedica
suas horas de folga a soletrar o idioma inglês diante de um mapa dos EUA,
preparando-se, dia após dia, para o grande evento da saída de Cuba, ele que já
estivera próximo de aportar nos EUA, tentativa que se frustrara, após um
naufrágio, por não saber nadar.
A frustração por ter sido
deportado comparece numa cena que se repete no filme: aos domingos, o seu
programa preferido é mergulhar o corpo até o peito nas águas do mar, sempre
protegido pelas ruínas de um forte (as marcas da história local estão presentes
dentro e fora dele, mesmo que ele não as perceba), enquanto ali perto grupos de
rapazes saltam de cabeça, mergulham e nadam, livres e eufóricos, diretamente no
mar. Esta cena é como uma metáfora da prisão interna em que vive Miguel, a quem
o regime supostamente fechado do país pode servir, inclusive, como desculpa
para o autoisolamento.
Devido ao seu recolhimento ressentido da comunidade, tanto quanto
ao desejo de emigrar, Miguel é tido como contrarrevolucionário. Personagem enigmática,
jamais sorri. Seu semblante sempre cerrado se transforma porém quando lhe chega
a esperada correspondência admitindo a sua entrada nos EUA. Mais uma vez, de
modo curioso, não é a “ditadura cubana”, aberta a todos os imigrantes que lá
estão, que o impede de ir embora; é a “maior democracia” do mundo que reluta em
aceitá-lo.
Na cena final do filme, antológica, Miguel aparece de costas
e sozinho, lavando os pratos de uma rede de fast
food imitação do Mc Donald’s. O seu sonho dourado enfim se realiza, com a
diferença de que agora ele trabalha à noite e não conta com os laços de
solidariedade que tivera um dia, em Havana: fora da janela do restaurante
vazio, desponta o deserto nevado, e ele nem parece mais triste, porque a sua
tristeza e solidão lhe pertencem, são o seu
habitat natural, que ele levará para onde for. Arriscaria mesmo dizer que,
lá, uma personalidade com a sua se encontre mesmo muito mais em casa.
Ressalta, no filme, mais esse embate: entre os conceitos de
liberdade e de responsabilidade, representados ali, sutilmente, em torno dos
usos do termo “política”, outro que, em tempos de idolatria da obtusidade, também
foi relegado, em vários meios discursivos brasileiros, ao status de “palavra feia”: trata-se de um sintoma, tanto da falta de
memória e conhecimento da história, quanto de ignorância dos rastros
etimológicas da própria palavra. El sueño
de la razón produce monstruos, afirmou um dia Francisco Goya.
Yosisleide,[2]
a menina que protagoniza a parte final do filme, e que de certo modo encarna
uma espécie de consciência coletiva, é alguém que não aceita determinações, não
obedece a regras, faz apenas o que quer e diz tudo o que pensa. Ou seja, é uma
espécie de hybris ambulante, uma
ótima alegoria da ideia mais vulgar que o senso comum faz da liberdade.
Uma ideia (eidos)
de liberdade com base na qual países pseudodemocráticos (como o são, cada um a
seu modo, Brasil e EUA) acusam o governo castrista de ser um regime que proíbe
a livre expressão, como se essa defesa do livre-arbítrio
(outro conceito ilusório, diga-se de passagem), fosse o máximo que alguém
pudesse almejar. Como se essa “liberdade” (a
priori um valor abstrato como a “paz” que volta e meia enche as nossas
avenidas de bandeiras brancas) constituísse um valor por si só. Como se fosse
possível garantir algo como paz e liberdade, isoladamente de outras condições, básicas
à sobrevivência humana, todas elas necessariamente atadas ao plano material,
como saúde e educação. Os que defendem a paz e a liberdade como valores supremos,
ignorando a suma metafísica em que recaem, desvinculando essas abstrações do
mundo material, político e econômico, esquecem-se, contudo, de que nem sempre
quem diz o que quer, tem, de fato, o que dizer. Dizer-se o que se quer também
não nos dá o que comer, além de demandar responsabilidade – condição sine qua non da tão almejada liberdade.
É o caso de Yosisleide, que afirma ao tio, do alto dos seus
quinze anos de livre-arbítrio: “Funciona assim: não gosto de Gramática, então
não a estudo; não gosto de Matemática, não estudo; não gosto de Política,
estudo menos ainda.”
A rejeição da menina pelas disciplinas que compõem o currículo
escolar é (sem que ela o saiba, claro – a condição primeira da ignorância é não
se reconhecer como ignorante) uma louvação da “liberdade” para o
desconhecimento. Trata-se de um comportamento comparável à “oportunidade de escolha”
entre as disciplinas não obrigatórias, que o atual governo brasileiro usa como
propaganda da polêmica contrarreforma do ensino médio. Yosisleide deixa de ir à
escola porque não gosta do uniforme (e também já começa a não caber nele,
porque engravida, aos quinze, de um garoto de dezesseis).
Ela nutre a paixão por animais e, de modo irônico, em
especial pela coruja, símbolo da sabedoria cujo olhar “vazio” ela liga ao olhar
de Miguel. Seu sonho é ter muitos filhos e animais, aos quais acaba “criando” no
terraço deixado de herança pelo tio. Crianças e pombos aparecem, confinados em
gaiolas de diferentes dimensões, postas lado a lado.
Para que não haja dúvidas de que os sonhos da menina carecem
justo da autenticidade que ela apregoa aos quatro ventos, seus três filhos são batizados
de Mowgli, Pocahontas e Avatar.
Não que se deva negar que haja algum novo tipo de “saber” em não
saber, ou em não querer saber. Não é que não seja uma reação demasiado humana
adaptar-se às circunstâncias e chorar (é a solução que ela mesma relata ao
final), todavia, recolher-se, em plena juventude, aos metros quadrados de um
terraço com animais e filhos em gaiolas... esse cenário não semelha, nem de
longe, aquilo que um dia se almejou que a humanidade pudesse legar como herança
aos seus descendentes, em pleno século XXI.
É a própria Yosisleide quem afirma, ao final: “Não me importa
que o mundo se acabe neste instante. Me importa pensar que continue como está.”
A afirmação é de uma complexidade maior do que parece à primeira vista. Não
significa apenas o reconhecimento de que o mundo anda muito ruim, mas também um
descaso e uma alienação indisfarçáveis com relação ao futuro do planeta. Que,
aliás, é o perfeito complemento para o desejo de mudança a todo custo (o que significa, paradoxalmente, sem nenhum custo, nada que sacrifique a sua “liberdade” de gaiola).
É a eterna e famigerada insatisfação humana. Irrefreável,
egoísta, e que poderá nos conduzir, globalmente, à destruição.
[1] “Chupa piruli” é o nome de uma canção do grupo cubano
de hip hop SBS, que alcançou enorme
sucesso na década de 1990, primeiramente em Cuba e em outros países de língua
espanhola, e depois pela Europa e pela Ásia. A canção tem um ritmo dançante e
letra de duplo sentido. Ao som dela, no dia da Nochebuena, dançam os clientes na
fila do caixa do supermercado, lugar de toda alegria. A frase também surge em
letras grandes na tela pouco antes do desfecho.
[2]
Em consonância com a sua personalidade e, de modo curioso, com a paradoxalmente
alienada “consciência coletiva” que a personagem encena, seu nome traz no
radical a partícula “Yo” (eu, em espanhol), denotando assim um egotismo que se
espraia por diversos outros nomes de personagens crianças e jovens, todos
iniciados em “Yo”, que circulam ao redor da trama central do filme e como que
nos ameaçam como uma futura yotização
do mundo – embora, é preciso lembrar, seus nomes, educação e valores lhes foram
dados pela geração anterior.
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