Meu filho acordou com a gargalhada. Há tempos eu não ria em sonho. Pareceu-me que há um século eu não sonhava... Corri para apanhá-lo com a imagem dos retirantes na cabeça e uma certa culpa pelo riso descabido, despertando o angelo (quase que foi esse o seu nome) em meio a uma paisagem tétrica e a gente tão esquálida que quase me escorria pelos dedos. Cearenses passeais, li na capa, por sobre a tela do Portinari. Ri e corri para abafar-lhe o choro, sem ter tido tempo para abrir o livro e desvendar que espécie de ironia haveria ali. Seria um absurdo talvez de corajosa incorreção política? Ou uma teoria positivista justificando a existência daqueles seres que aparentavam mesmo ser de um outro planeta? Ou então se tratava de um desígnio divino a ser dito com voz tonitruante.
O Aboio está de volta. É o mesmo, porém diferente. Como espaço de escrita que é, volta a servir de desaguadouro a tudo o que me encanta, ou, pelo contrário, me apavora. Depois de tantos anos de afastamento, eu mesma me desreconheço nas postagens mais antigas. Os amores são outros, as causas são outras, é outro o país.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Cearenses passeais
Meu filho acordou com a gargalhada. Há tempos eu não ria em sonho. Pareceu-me que há um século eu não sonhava... Corri para apanhá-lo com a imagem dos retirantes na cabeça e uma certa culpa pelo riso descabido, despertando o angelo (quase que foi esse o seu nome) em meio a uma paisagem tétrica e a gente tão esquálida que quase me escorria pelos dedos. Cearenses passeais, li na capa, por sobre a tela do Portinari. Ri e corri para abafar-lhe o choro, sem ter tido tempo para abrir o livro e desvendar que espécie de ironia haveria ali. Seria um absurdo talvez de corajosa incorreção política? Ou uma teoria positivista justificando a existência daqueles seres que aparentavam mesmo ser de um outro planeta? Ou então se tratava de um desígnio divino a ser dito com voz tonitruante.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário