quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Belchior no fim do mundo

Belchior. Auto-retrato.

O quarto é o mesmo em que fica o chico quando diz que está trancafiado num apartamento lá em paris para escrever um romance, eu disse. Fica aí, rapaz! Tenho certeza que ninguém na redondeza o reconhece. Tira esse bigode; ou melhor, deixa o bigode... Eu garanto: é mais fácil se lembrarem do rei mago que de você. Eu não lhe disse? Outro dia mesmo uma aluna da licenciatura me perguntou o-que-qui-era lisregina. Eu corrigi: o certo é lisergina - pode olhar no dicionário. Eu insisto: não precisa ir pro fim do mundo, que ele já era e, afinal de contas, lá pode ser a mesma chatice. Espalha suas telas por aí, fica pintando, espaço não falta. Aqui pelo menos você pode ir até a academia, puxar uns ferros - falei pra sacanear - e estou certa de que passará incólume. Ele riu muito, quase estouramos de rir, mas ao final achou a cidade quente e poeirenta. Sugeri a casa da mamãe, já que era pra rolar um isolamento, mas ele implicou com o lance de a velha chocar ovos de pato no microondas. Desencanei: desaparece daqui, então...

7 comentários:

  1. No quarto e de chico, putz, vai sujar os lençóis...

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  2. "Se vc vier me perguntar por onde andei, no tempo em que vc sonhava, de olhos abertos eu lhe direi: amigo, eu me desesperava"

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  3. oi, eu achei perfeito tudo que voce escreve. estou fazendo um trabalho sobre voce, e me encanto com tudo que voce posta aqui :]

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  4. Olha... que bonito!... Obrigada pela atenção às minhas palavras, Karolina. Me avise quando seu trabalho estiver pronto. Gostaria de conhecê-lo. Um abraço.

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  5. Andréia, eu gostei muito de todo seu trabalho. Eu quero ser uma escritora, ou alguma coisa relacionada com aquilo que sai de nossa alma, para o mundo. Nao tem muitas coisas sobre voce em sites, e livros. Eu queria, é claro, se voce quizer, responder uma pergunta para colocar no meu trabalho, acho que ficaria bem legal .
    - O que te leva ou inspira a escrever seus textos ?

    Bom, se eu nao estiver te encomodando, agradeço desde ja. Abraços .

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  6. Como se vê, cara Karolina (conhece a poeta Cora Coralina?), tudo é matéria de escrita. O tudo que conseguimos, é claro, de algum modo, "apalpar" com a nossa vivência. (Meus filhos têm um cachorro de pelúcia enorme, chamado Tudo). Tudo o que duramente ganho, e o que deliciosamente perco, mais tarde acaba vindo à tona na escrita, porque é assim que me sinto mais à vontade para falar. Por meio dela me esforço para que a coisa vivida pareça inventada, porque de outro modo teria vergonha de confessá-la. Graças a ela muitos crêem que vivi certas coisas que, na verdade, só tenho meios para imaginar. Assim me divirto, e espero que o leitor também. Agora mesmo, penso, estamos em pleno jogo de escrita... E, mais adiante, quando tudo se embaralhar, porque a memória também tem pernas curtas e os diários acabam perdendo suas páginas... enfim, quando não se souber ou não mais interessar o que foi e o que não foi, restará a escrita, para (outros) além de nós.

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