domingo, 10 de janeiro de 2010

Alguns pesadelos


Abapuru (gravura em metal). Célia Ribeiro. In: desenhos-celialice.blogspot.com

Alguns pesadelos rasgam na memória uma via tão funda que nos assombram para sempre. Porém o mais assustador é que em geral não temos consciência disso. E não constituem matéria que se possa, de modo algum, narrar, ou seja, encaminhar para um outro estágio. As crianças menores costumam se livrar de um pesadelo somente depois de horas de despertas. Por vezes, dias. Muito do que, através dos séculos, antes e depois de freud, se chamou possessão, neurose, histeria, fobia, amnésia, depressão, esquizofrenia e epilepsia tem a sua origem ali, nos recônditos dessa fábrica de um supercinema independente. A vida, em suas armadilhas, é tão inescapável que não nos permite dormir impunemente.

3 comentários:

  1. Delícia de texto. Fez-me lembrar de que dia desses sonhei lutar contra ninguém mais, ninguém menos que o diabo. Taí um sonho que tenho esporadicamente, de pequena - quiçá um misto da criação católica com o execesso de exposição ao cinema hollywoodiano. Além do que, eu mesma me analiso, uma vaidade fora do vulgar. Afinal, o diabo deve ter mais com que se ocupar! ;)

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  2. Anne, sabe que o capeta, em diferentes disfarces, é o personagem campeão também na minha estatística onírica? Só perde talvez para a mãe a morte. As suas primeiras atuações - lembro até hoje - foram quando eu beirava ainda uns cinco anos de pesadelos. Apesar de todo o marketing divino, parece haver uma falha aí, e o antagonista rouba, para sempre, a cena.

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