Quando aprendi a andar de bicicleta eu tinha uns 7 ou 8 anos de idade. Minha família era muito pobre e por isso não tive acesso a um velocípede ou a uma bicicleta antes disso, como costuma acontecer.
Até que um dia apareceu a bicicletinha verde para conserto, porque meu pai, para complementar o orçamento, tinha que fazer os seus bicos consertando coisas. Era toda arranhada e tinha o selim em pandarecos, mas a mim pareceu deslumbrante.
Acontece que ela também não tinha os pedais e acho que era justo isso o que pediram que meu pai colocasse nela. (Além de marceneiro e pedreiro, ele era eletricista e mecânico autodidata). Como o tempo do conserto durou mais do que devia, devido à grande demanda de serviços que havia na fila de espera, eu enfim aprendi a andar de bicicleta. Numa bicicleta sem os pedais.
Como o nosso quintal era em declive, eu subia empurrando a bicicletinha até o alto dele e depois descia de lá quase voando, com as pernas abertas em tesoura e o corpo todo arrepiado de medo e prazer. Não me lembro de ter caído nenhuma vez. Me parece uma boa técnica para aprender a se equilibrar sobre a bicicleta. Claro que é preciso ir dosando gradativamente a altura. A pedalar mesmo só fui aprender na adolescência, mas me pareceu então um fraco arremedo daquela sensação que tive na infância.
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