Alguém que é professora oito horas por dia e mãe outras dezesseis não deveria ter o direito à insônia, penso eu. Mas, já que é pra permanecer de plantão, e como não sei falar de amor às três da madrugada, vamos registrando aqui alguma coisa, apenas para não perder o hábito.
No começo da verbalização de frases mais completas, os gêmeos descobriram o verbo ajudar. E, como perceberam que funcionava muito bem (ninguém vai negar ajuda a um bebezinho de braços estendidos), usavam-no para quase tudo. Era Me ajuda! pra cá, Me ajuda! pra lá. Me ajuda!... desce da cadeira. Me ajuda!... sobe na cadeira. Me ajuda!... abre a mamadeira. Me ajuda!... apanha um biscoito.
Agora a gama de verbos se ampliou, mas a estrutura - utilíssima, devem pensar eles - foi preservada, o que gera frases no mínimo curiosas, como: Me descasca! (com a fruta na mão). Me abre! (a porta do box). Me fecha! (o registro). Até aí tudo bem; com o tempo aprenderão a necessidade do objeto - pensei.
Ultimamente contudo, desde o adentramento mais efetivo a um pequeno mundo tecnológico, tenho escutado diariamente os assustadores: Me liga! Me desliga! Me conserta!
Melhor introduzir logo uma aulinha de sintaxe, enquanto não chega de vez o homem pós-orgânico.
....hahahahahahah... só vc mesmo pra me fazer rir... difícil demais escrever textos engraçados... sugiro suspender os (possíveis) calmantes pra insônia... e dividir conosco as peripécias verborrágicas infantis...
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