segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Carta aberta 36

Como vai você, Heitor?
Já se instalou o tédio natalino? Ou você não sofre disso?
Parece que há os eufóricos de Natal e os deprimidos do Natal.
Eu fui uma criança eufórica de Natal, cheia dessa falsa alegria, como é natural.
Ah, mas se é alegria, não pode ser falsa, você vai dizer. E se for falsa toda alegria, então já está valendo e, novamente, não há a alegria falsa.
Mas eu continuo achando que, se uma coisa precisa de tantas bolas coloridas, já é de se suspeitar...
Bom, na infância era um cheiro de nozes e passas e uns presentes que meu pai recebia da Vale, distribuídos por faixa etária: os irmãos mais velhos ganhavam dominó, bingo ou vareta; eu, a intermediária, recebia uma boneca dura, ou então uma máquina de costura de plástico transparente que tinha um cheiro ótimo. (Ah se soubessem que o meu pesadelo era o som estridente e incessante da máquina de costura da minha mãe...)
Na adolescência tive muitos amigos que sofriam profunda e verdadeiramente o Natal - seriam uma espécie de cristãos ao avesso -, porque a data fazia com que lembrassem a família desfeita, a ideia de família, a ilusão perdida etc.
Hoje não me dá nada.
Beijos,
Andrea.

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