“- Não querem ficar sentados!”
“- Aos seis anos é difícil mesmo, a energia do corpo pede
mais.”
“- Nada disso! Existe o normal.”
“- Ah, é verdade... eu tinha me esquecido!”
Pronto, resolvido o impasse. Basta que eu me cale: a maioria
não é normal, nem mesmo sendo a maioria. A crise de pensamento e de argumentos é tão geral que
atropela inclusive as razões mais óbvias, a própria tautologia. Na verdade eu
acho que a colega nem notou a ironia na minha fala final. Continuou:
“- Pois é! Você ainda entende, mas muitos pais não entendem,
não!”
Dei corda então, no melhor estilo burocrata, que constitui a
feição e a função do professor hoje, para ver aonde chegaríamos:
“- Você já comunicou à direção?”
“- Já falei. Todo dia eu mando uns três pra coordenação, mas
nada adianta.”
“- Ritalina!”
“- Ahn?”
“- Ritalina! É excelente! Meus vizinhos dão pro filho deles.
Eu nunca mais ouvi a risada do menino.”
“- Ah, é ótimo mesmo! Se a gente pudesse colocar na merenda!”
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