- Crianças, hoje é dia de cantar parabéns para a mamãe, sabia? Tia Célia insuflou, de manhã, a caminho da praia.
- É!? Perguntou o Francisco, interessado.
Depois veio uma manhã inteira de banhos "piscinais" (assim dizem eles) nas prainhas infectadas da Ilha do Boi. E a tia Célia explicou a origem do nome etc.
Chegando em casa, banho, álcool nas periferias e o prato predileto: macarrão com linguiça. E tomate.
Shrek de sobremesa.
Certa hora fugi para o computador à cata de notícias, mas notei que o silêncio era demasiado. E essa percepção é uma que nunca falha. Se houver grunhidos ou choro ou risos ou palavrinhas soltas ou sussurradas, vá lá, mas silêncio total... Aí não! Pode correr que, no mínimo, um sofá está entrando na caneta!
Aproximei-me silenciosa feito uma alma, amparando-me no benefício da dúvida e já com medo de estragar alguma deliciosa brincadeira inofensiva. Apenas pisei no quarto e eles iniciaram os Parabéns, numa alegria semelhante à de quem dá de presente o primeiro carro. Claro que me emocionei. Em volta de toda a cama, sobre o lençol, foram enfileiradas coloridas peças de lego. "Esses são os docinhos", me disseram. Comi vários. Bem no centro, numa organização surpreendente pela geometria harmoniosa, fora emborcada uma panelinha de plástico: "Esse é o bolo!".
Quando já me dava por satisfeita com a comemoração do meu terceiro dia das mães, agachada perto de uma série ainda intacta de brigadeiros de plástico, os dois se aproximaram de mim num só abraço. E ainda anunciaram: "E esse é o parabéns!"
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