Eu nunca consegui que meus filhos dormissem ouvindo uma história que eu lhes contasse. Todas as noites repete-se a mesma cena: depois de inúmeros contos de fadas repletos de efeitos especiais (no começo estou sempre animada), além de alguns assassinatos impublicáveis de histórias do Rosa e de outros tantos improvisos sobre as fábulas de Esopo, a graça da narração já se fora há muito tempo, meus olhos se cerram e eu não suporto mais ouvir a minha própria voz, embargada pelo sono:
- Agora, todo mundo pra cama... Já passou da hora de dormir...
A Flora me olha então com uma expressão quase sarcástica, que, pela precocidade, me espanta. Em meio à irritação que o sono impossibilitado traz, tenho que me conter para não rir, porque um riso poderia significar mais algumas horas de vigília.
- Todo mundo?
- É, todo mundo!
- Todo mundo não cabe aqui em casa, mamãe...
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