Eu
quase posso ouvir a voz dele, o que não é difícil, porque, ao final, descobri, como deve descobrir cada leitor,
que aquela voz é minha, e daí me vem a náusea e a vontade - honesta - de
chorar. Enfim, ela não é jovem demais para descrever aquilo, mas é jovem demais
para estruturar um romance do modo como o estruturou. E aí eu sinto inveja. Ele
é inteiro fechado em si, é um universo completo (embora imperfeito), mas que
não deixa de se estender até o leitor (numa ponte entre um e outro?, para usar a imagem cara a Carola) - ou de
capturar o leitor para a sua trama.
E aquele homem que, do outro lado da cidade, vinha recebendo por engano as cartas des-esperadas de A... Aquele homem que almeja uma mulher que se entregue inteira, que se entregue mais, que seja capaz de simplesmente dar, sem nada esperar... o amor incondicional pelo qual ele anseia de repente se mostra todo ali, na remetente, com seu desprendimento sem fim, a sufocante liberdade de amar, enfim: a outra faceta do amor: o desamor, inconsútil feito o disco de Borges: um amor que tanto ama que não se deixa mesmo amar. Um amor que pode ser que, paradoxalmente, se baste.
E aquele homem que, do outro lado da cidade, vinha recebendo por engano as cartas des-esperadas de A... Aquele homem que almeja uma mulher que se entregue inteira, que se entregue mais, que seja capaz de simplesmente dar, sem nada esperar... o amor incondicional pelo qual ele anseia de repente se mostra todo ali, na remetente, com seu desprendimento sem fim, a sufocante liberdade de amar, enfim: a outra faceta do amor: o desamor, inconsútil feito o disco de Borges: um amor que tanto ama que não se deixa mesmo amar. Um amor que pode ser que, paradoxalmente, se baste.
Andréia, que comentário, ou melhor, análise linda! Verdade! Nós leitores acabamos por descobrir que aquela voz tão estranha e familiar (Freud) é a nossa própria voz! Concordo plenamente com vc ao dizer sobre o romance ser inteiramente fechado em si mesmo!
ResponderExcluirAcabou a série Bate-papo? Estava tão bom...
ResponderExcluirDe verdade mesmo eu nunca sei quando algo acabou, se acabou... Assim a priori, como decretar o final? Porém, se nunca mais retornar, lá no final, as mãos cheias de pó, direi: é o fim, era o fim. Mas, e o tempo inteiro em que esperei que retornasse? Que foi feito dele? Terá sido um tempo de nada? Digamos que a série está suspensa, nas suas características de eternamente temporária.
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