domingo, 17 de fevereiro de 2013

Sobre Flores azuis (parte 4)


E você que, tendo apenas me conhecido um pouco mais, achou que eu fosse reprovar a figura feminina que ali se dispõe... Eu, meu amigo, eu não reprovo nada. Como eu posso não entender aquela narradora e mesmo o homem estranho que com ela dividia... o que era mesmo que eles dividiam? Ela? Era isso que eles dividiam?... Eu me rendo, eu me entrego também.
O livro agora está na estante, e eu juro que tenho certo receio de tocá-lo. Está deitado sob a Lygia e o Scliar, mas nenhum dos dois deve ser capaz de apaziguá-lo. Francamente, não sei se volto a abri-lo. É provável que não precise, porque agora ele está dentro de mim. Você, que anda com ele debaixo do braço e compra seguidamente novos exemplares para presentear os amigos, por certo está apto a escrever sobre ele: você é forte na sua suavidade e creio que conseguiu o necessário afastamento.

Talvez eu rasgue tudo o que escrevi. Contento-me com Flores azuis.

Boa sorte, bênção ambígua.

A.

4 comentários:

  1. O impacto inicial da leitura me tragou para as entranhas da narrativa, confesso. Cada página lida, cada carta e cada cena do Marcos lendo as cartas me pareciam suaves e agressivas. No entanto, depois de um tempo, consegui ficar mais sereno em relação ao livro, embora me tenha atordoado e, em minhas releituras picadas, continue a fazê-lo. É um romance que fica no leitor, permanece , o seduz, o confunde...Mas confesso que com o tempo seus traços tão suaves e ao mesmo tempo agressivos vão se tornando esmaecidos (mas nunca esquecidos, é claro)! É um consolo (como toda literatura) que se de um lado incomoda, atormenta, de outro organiza, sereniza e, pelo menos a mim, CONforma.

    ResponderExcluir
  2. Vinícius, o livro continua queimando nas minhas mãos. Quero passá-lo adiante: feito um cigarrinho, um chimarrão. Presente do Oriente. O que acha? Beijos.

    ResponderExcluir
  3. Manda bala!!! Não é justo só a gente ficar atordoado com essas Flores do mal kkkk!

    ResponderExcluir