Vejo que o tempo se embaralha por entre as capas da noite. Num átimo, principio a reviver, folha por folha, o imenso arsenal de recortes, os periódicos incendiados, as atas, bulas, fotos, as dicas que me deram sobre como organizar. Engatinhei por todas as paredes procurando uma mancha, um traço, uma vírgula. Catalogava cascas de laranja. E agora, quando penso na mão esquerda dentro da armadura de gesso, me assola um desespero jamais imaginado. Maior que a ira com que rasguei os jornais, pior que o horror de estar vegetando na quitinete surreal, incrustada no centro do bairro pobre e suburbano, longe da praia, dos bares, do ror, do horror de gentes.
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