Estava tudo inscrito na carta: a primeira vez que o vi, a última vez que o vi - e o viver inteiro entre uma cena e outra.
A sua crudelíssima bondade, lições de senso comum, a régua dolorosa da ética, o engano racional, megera cartesiana, curvas certíssimas, retas nebulosas, mentirosas buscas, encontros impossíveis. A dor, o desejo, o sofrimento silente - essa metade do prazer...
Tudo condensado entre duas cenas às quais jamais será possível retornar, aqui ou em qualquer outro lugar.
E ainda, no centro embaciado do meu prisma, eu - em sangue e em brasa.
Mas, apenas finda a carta, você se foi.
Findo isto, ainda uma vez, você se vai.
A partir de agora, o piano é só silêncios.
P.
Findo isto, ainda uma vez, você se vai.
A partir de agora, o piano é só silêncios.
P.
Andreia, quem é P?
ResponderExcluirP. é a personagem remetente. E você, quem é?
ExcluirEu? Um curioso, apaixonado por literatura e por pessoas despojadas dos preconceitos correntes, como você.
ExcluirCerto. Bacana.
ExcluirImaginei, com esse primeiro comentário do anônimo, você me dizendo:
Excluir"Nossa! Aquele anônimo tem a sua 'cara'."
Engraçado!
É verdade; só pode ser você, rsrsrs. Um abraço e boas férias!
ExcluirPois bem. Não o sou!
ExcluirAbraços.
Não o sou-o. Beijo.
ExcluirSério?
ExcluirBeijo.
Quis dizer que sua desidentificação soa tanto como "sou-o" quanto como "não o sou".
ExcluirAh, sim! Também pensei nisso, mas não hesitei em comentar.
ExcluirEspero que os textos tão belos e delicados que você posta em seu blog ainda se tornem textos de maior fôlego (no sentido de extensão mesmo). Um romance talvez. Não um romance barateado! Mas um romance igualmente belo e delicado e áspero e instigante como têm sido essas cartas.
ResponderExcluirRomance barateado, não é? Eu nem sei se entendi essa expressão, querido amigo, mas aí está o que, por agora, consigo dar. Um grande abraço.
ExcluirPenso que entendeu sim. Sua escrita demonstra esse entendimento. Admiro muito o que vc escreve, de verdade. Quando falo de algo de maior fôlego é uma cobrança (talvez boba e chata) de um fã que acompanha sua série ou desenho favorito e cria expectativas em torno do autor. É isso. Por agora, o que vc escreve tá ótimo! Continuo acompanhando seus posts.
ResponderExcluirQue é isso, amigo? A cobrança é boa, não é chata, não! O que eu não entendi é o que seria um "romance barateado" - continuo sem entender a expressão, porque ela parece remeter a um contexto seu, de leitura, que desconheço - entendeu? E esteja certo de que, assim como foi o primeiro a ver os rascunhos, será o primeiro a ver as provas. Beijos.
ResponderExcluirCaraaa... Li de um jato as dez cartas. Isso é magnífico. Não sei se você sentia ou se é muita tecnica que tem. Andreia Delmaschio, isso é muito bom! Muito bom!
ResponderExcluirÉ o sentimento da técnica - e vice-versa. Obrigada. Um abraço.
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