domingo, 14 de abril de 2013

Carta de amor em pedaços 5

A carta, o amor, o fim, o primeiro, o romance...

(O que torna irremediavelmente artificial o tom da carta é justo a falta de uma resposta imediata, é não saber quem a lê, se a lê, quando e onde a lerá). E, no nosso caso, temos o agravante da máscara, a metáfora, o recalque...

Você deve estar se perguntando (sempre foram tantas as suas perguntas) por que "o professor de piano"? Mas na verdade você o intui, já que ainda não se esqueceu do que eu lhe disse, um dia, sobre o recalque. E esteja certo de que (apesar do óbvio auto-erotismo oral, retardatário e substitutivo) esta carta não é uma armadilha, nem eu teria razões para fazê-lo empreender, a esta altura, uma pesquisa.

Pensando bem, existe sim, em toda carta, uma resposta, e é o próprio missivista quem a formula. A resposta é portanto apenas imaginária, sendo quase uma outra pergunta.

O receptor, a essa hora, já não é identificável. Está fora do jogo.

Como nos sonhos freudianos, tudo aqui é eu mesma - singular, feminino, só.


 

6 comentários:

  1. Magníficas cartas, Andréia!!! Já começo a me apaixonar pelas (im)possibilidades que elas apresentam, mesmo sendo ridículas, e cair na carta-armadilha, embora a autora declara não ser uma armadilha...

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  2. Acho que toda forma de amor é sempre em pedaços. O que vc acha?

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  3. Respostas
    1. Salve, Vinícius! Que bom tê-lo de volta! Respostas, rs: a)É uma armadilha passional, sim, principalmente para mim. b)Quando você pergunta o que eu acho, eu tenho vontade de responder que acho pedaços pelo chão. c)Me ajuda aí no work in progress: que título soa melhor: "Carta do amor aos pedaços", "Carta de amor em pedaços", "Carta do amor em pedaços" ou "Carta de amor (pedaço 6)"? d)Que saudades de você! Beijos.

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  4. kkkkkkk! Fico com a opção bem. Indiscutivelmente!!!!
    Saudades de vc tbm!!! Abraços, querida.

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