quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Encontro com Renato Pacheco, parte 1

Vitória, ES. Foto: Humberto Capai.

 
Ontem à tarde nossa mudança chegou a Bento Ferreira. As conclusões eram muitas, e quase nenhuma inédita: não precisamos de tantos objetos; ainda não nos livramos de tudo o que podíamos; foi uma besteira levar os livros para Brasília etc.

Eu pensava nesses excessos enquanto desembrulhava louças jamais utilizadas. Cheguei à janela sorvendo os ares do bairro novo, tentando interiorizar aos poucos a vista sempre em mutação da grande cidade. Me deparei adiante com o morro do Jaburu. Vi-o primeiro como um todo, um bloco monolítico que somente o tempo fará com que meus olhos desvendem um pouco mais, sempre um pouco mais e de um modo sempre incompleto. Percebo que o espaldar da janela brilha de minério de ferro; meus braços ficam marcados. Espero que não se crie depósito nos pulmões em formação dos meus pequenos gêmeos.

A visão onipotente das avenidas principais desse lado da cidade já iam me absorvendo dos pequenos devaneios domésticos. Com o olhar segui as mulheres voltando a pé do trabalho para o outro morro nosso vizinho, cujo nome ainda não descobri. Uma ameaça de chuva fez surgirem sombrinhas desbotadas em variados pontos. O rapaz da barraca de galetos encheu-se de dúvidas sobre o destino daquela tarde de comércio: olhou o céu, olhou a rua, o movimento, e resolveu desarmá-la, privando a todos do cheiro bom que já chegava ao oitavo andar.

De repente, olhando o bairro do alto, lembrei que estava bem próxima de um ponto de empatia, entre os meus eleitos pelos cantos de Vitória: a livraria Lógos da Praia do Suá, praticamente ao lado de casa, a partir de agora. Adiei a arrumação das taças e resolvi descer até lá, a ver se me sentia acolhida pela vizinhança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário