segunda-feira, 8 de junho de 2009

Cearenses passeais

CANDIDO PORTINARI. Retirantes, 1944.

Meu filho acordou com a gargalhada. Há tempos eu não ria em sonho. Pareceu-me que há um século eu não sonhava... Corri para apanhá-lo com a imagem dos retirantes na cabeça e uma certa culpa pelo riso descabido, despertando o angelo (quase que foi esse o seu nome) em meio a uma paisagem tétrica e a gente tão esquálida que quase me escorria pelos dedos. Cearenses passeais, li na capa, por sobre a tela do Portinari. Ri e corri para abafar-lhe o choro, sem ter tido tempo para abrir o livro e desvendar que espécie de ironia haveria ali. Seria um absurdo talvez de corajosa incorreção política? Ou uma teoria positivista justificando a existência daqueles seres que aparentavam mesmo ser de um outro planeta? Ou então se tratava de um desígnio divino a ser dito com voz tonitruante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário