sábado, 28 de maio de 2016

Retornando ao tema da normalidade...

O segundo caso foi na conversa com uma colega, professora das séries iniciais. Relatou que a maioria das crianças é muito agitada:



“- Não querem ficar sentados!”

“- Aos seis anos é difícil mesmo, a energia do corpo pede mais.”

“- Nada disso! Existe o normal.”

“- Ah, é verdade... eu tinha me esquecido!”

Pronto, resolvido o impasse. Basta que eu me cale: a maioria não é normal, nem mesmo sendo a maioria. A crise de pensamento e de argumentos é tão geral que atropela inclusive as razões mais óbvias, a própria tautologia. Na verdade eu acho que a colega nem notou a ironia na minha fala final. Continuou:

“- Pois é! Você ainda entende, mas muitos pais não entendem, não!”

Dei corda então, no melhor estilo burocrata, que constitui a feição e a função do professor hoje, para ver aonde chegaríamos:

“- Você já comunicou à direção?”

“- Já falei. Todo dia eu mando uns três pra coordenação, mas nada adianta.”

“- Ritalina!”

“- Ahn?”

“- Ritalina! É excelente! Meus vizinhos dão pro filho deles. Eu nunca mais ouvi a risada do menino.”

“- Ah, é ótimo mesmo! Se a gente pudesse colocar na merenda!”

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