sábado, 13 de novembro de 2010

Da humildade

Bosch: O jardim das delícias (detalhe).


Alguns sentimentos são tão delicados que não resistem sequer a uma repetição dos termos que os nomeiam.

Penso, por exemplo, na humildade. Imagine alguém se autoafirmando... humilde. É o suficiente para decretar o fim, o falso, o frágil da humildade.

Ou dizendo em voz alta uma frase assim: -Eu sou uma pessoa muito humilde! Os ouvintes rimos por dentro. Ou então perguntando: -Todos vocês concordam que eu sou mesmo humildíssimo?

A humildade não suporta nem mesmo o superlativo; que diria do aumentativo!

Assim, o mesmo personagem pode ainda criar para si um endereço eletrônico como este: humildão@gmail.com .

Ou então um blog, o blog do Humilde.

Ou um site, um portal: http://www.ohumilde.com/ .

Trata-se de um equilíbrio tão sutil que mesmo um inocente artigo definido pode estraçalhar a humildade.

Um comentário:

  1. Descobri e tenho certeza de que humildade pode ser mensurada. A minha, molestia a parte, é grau 10. Qual o segredo para que não se dissolva diante de tanta bondade explícita?
    Tem que ser blindada. Com certificado e acreditação.
    Cheguei suspirar.
    Credo!!!!

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