sábado, 31 de julho de 2010

Nos nós (parte 7)

Pensei que talvez uma massagem me ajudasse a restabelecer as sensações, mas não teria coragem de solicitar algo tão supérfluo à mulher de avental branco, gestos rápidos e maquinais. Deveria haver, além do mais, uma fila de acidentados, alguns em pior estado que eu, aguardando também a espetada reconfortante da sua agulha.

De repente achei que, se pensava em mover-me, era talvez porque já se iniciasse algum processo a caminho da melhora. Desanimador era imaginar o quão longa e penosa seria a convalescença, à espera de que chegasse o dia em que pudesse de novo caminhar e respirar o ar pesado da avenida lá embaixo, até que uma outra morte viesse me tomar inteiro, e não por partes, como fizera essa pequena morte de agora, com odor de éter e branca como fria.

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